
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (Foto: EFE/EPA/SERGEY DOLZHENKO)
Nesta terça-feira (04), o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, publicou um comunicado oficial abordando os recentes pontos de tensão entre a Ucrânia e os Estados Unidos. Ele afirmou que “a Ucrânia está preparada para iniciar negociações o mais breve possível, buscando uma paz sustentável”. Essa declaração contrasta com o que disse dois dias antes, no domingo (02), quando afirmou que um acordo com a Rússia ainda estava “muito distante”, o que gerou irritação no presidente americano, Donald Trump.
Desde o atrito entre Zelensky e Trump, em 28 de fevereiro, os EUA têm dado sinais de distanciamento em relação à Ucrânia. O indicativo mais claro veio na segunda-feira (03), com a suspensão da assistência militar americana, deixando o país europeu em uma posição vulnerável frente aos ataques russos liderados por Vladimir Putin.
No comunicado desta terça, Zelensky expressou que a Ucrânia está disposta a “colaborar sob a liderança firme do presidente Trump para alcançar uma paz duradoura”. Ele detalhou: “Estamos prontos para agir rapidamente para pôr fim ao conflito, começando pela libertação de prisioneiros, uma trégua aérea – com a suspensão de mísseis, drones de longo alcance e ataques a infraestruturas civis como redes de energia – e uma trégua marítima imediata, desde que a Rússia também cumpra sua parte. Depois disso, queremos avançar rapidamente nas próximas etapas, em parceria com os EUA, rumo a um acordo sólido.”
Zelensky fez questão de reconhecer o suporte militar e financeiro dos EUA até o momento, destacando sua gratidão. Sobre o desentendimento ocorrido no Salão Oval da Casa Branca, ele lamentou: “É triste que as coisas tenham tomado esse rumo, mas agora é o momento de reparar isso.” Na ocasião, esperava-se a assinatura de um acordo envolvendo o fornecimento de minerais estratégicos e terras raras – como lantânio, cério, praseodímio, neodímio, promécio e samário – aos EUA, algo que não se concretizou. Esses elementos são cruciais para indústrias de tecnologia e defesa, e a Ucrânia possui reservas significativas.
Trump encarava esse acordo como uma forma de “reembolso” pelos cerca de US$ 300 bilhões que os EUA destinaram à Ucrânia na guerra contra a Rússia. Agora, Zelensky afirmou que “o país está pronto para formalizar o pacto a qualquer hora e no formato que for mais conveniente”.
Anteriormente, o líder ucraniano havia expressado dúvidas sobre a eficácia do acordo para garantir a segurança de seu país, pedindo aos EUA garantias concretas nesse sentido. Ele também apontou que Trump não tinha deixado claro quais eram seus planos.
“Quero reafirmar o compromisso da Ucrânia com a paz.
Ninguém deseja uma guerra interminável. Estamos prontos para negociar o quanto antes, aproximando uma paz estável. Os ucranianos são os que mais anseiam por isso. Minha equipe e eu estamos preparados para atuar sob a orientação firme do presidente Trump rumo a uma solução duradoura.
Queremos trabalhar rapidamente para encerrar o conflito, começando pela libertação de prisioneiros, uma trégua aérea – suspendendo mísseis, drones de longo alcance e ataques a infraestruturas civis – e uma trégua marítima imediata, caso a Rússia também o faça. Em seguida, pretendemos avançar depressa nas próximas fases, colaborando com os EUA para um acordo definitivo e robusto.
Valorizamos imensamente o apoio americano na defesa da soberania e independência da Ucrânia. Recordamos o momento decisivo em que o presidente Trump forneceu mísseis Javelin ao país. Somos gratos por isso.
Nosso encontro em Washington, na Casa Branca, na sexta-feira, não saiu como planejado. É uma pena que tenha ocorrido assim. Agora é hora de corrigir isso. Esperamos que a cooperação e o diálogo futuros sejam positivos.
Quanto ao acordo sobre minerais e segurança, a Ucrânia está pronta para assiná-lo quando e como for mais adequado. Vemos isso como um avanço para maior segurança e garantias sólidas, e espero sinceramente que funcione de forma eficaz.”