Inflação, PIX e política explicam queda no governo
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha e divulgada na sexta-feira (14) revela que 24% dos eleitores brasileiros aprovam o governo do presidente Lula (PT), enquanto 41% o reprovam. De acordo com o instituto, esse é o índice mais baixo de aprovação registrado nos três mandatos do presidente, além de representar o maior nível de reprovação até o momento.
Ao comparar a pesquisa atual com as anteriores do atual mandato de Lula, é possível notar uma estabilidade no início da gestão, seguida por uma mudança de cenário a partir do final do ano passado, impulsionada pela alta inflação e pelas polêmicas envolvendo a portaria da Receita Federal sobre o PIX.
Além dos desafios econômicos, outros fatores contribuem para a queda na popularidade do governo Lula, que enfrenta um momento político complexo. Abaixo, estão listados oito pontos que ajudam a entender o baixo índice de aprovação do presidente:
- Economia: A crise relacionada ao PIX, que gerou uma onda de desinformação sobre a fiscalização desse meio de pagamento — amplamente utilizado —, é um dos principais fatores, somada ao aumento significativo nos preços dos alimentos.
- Contexto internacional: A esquerda enfrenta uma fragilização global, enquanto a direita ganha força. A vitória de Donald Trump nos Estados Unidos é um exemplo desse cenário.
- Oposição eficaz: No Brasil, a oposição tem se mostrado mais eficiente em criticar e desgastar o governo em diversas áreas.
- Erros do governo: Quando o governo comete falhas, a oposição amplifica esses problemas, algo que não ocorria com tanta intensidade em gestões anteriores.
- Cansaço com o governo: Há uma percepção de que o governo é “antigo” e não apresenta propostas inovadoras, gerando um desejo de mudança entre parte da população.
- Dificuldade de comunicação com jovens: O governo enfrenta desafios para se conectar com o público jovem, que tende a se identificar mais com discursos voltados ao empreendedorismo e a um Estado menos intervencionista.
- Valores conservadores: O crescimento de ideias mais conservadoras na sociedade não tem sido acompanhado pelo governo, que não consegue dialogar com esse segmento.
- Esquizofrenia política: Eleito com o apoio de uma aliança de centro, o governo sofre pressões para implementar pautas de esquerda, criando uma espécie de contradição política.
A pesquisa, divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo, mostra que 32% dos entrevistados consideram o governo regular, enquanto 2% não souberam ou não responderam. Os números detalhados são:
- Ótimo/bom: 24% (ante 35% em dezembro);
- Regular: 32% (ante 29% em dezembro);
- Ruim/péssimo: 41% (ante 34% em dezembro);
- Não sabem: 2% (ante 1% em dezembro).
Esse é o pior índice de aprovação registrado nos três mandatos de Lula, superando até mesmo o auge da crise do mensalão, em 2005, quando a aprovação era de 28%. Já o maior índice de reprovação havia sido registrado em dezembro de 2024, com 34%.
O levantamento foi realizado entre os dias 10 e 11 de janeiro, ouvindo 2.007 eleitores em 113 cidades. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Na pesquisa anterior, divulgada em dezembro de 2024, a aprovação era de 35%, e a reprovação, de 34%. Na ocasião, 29% consideravam o governo regular, e 1% não soube ou não respondeu.